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Foto do escritorCarlos Momoli

Redundância (quem é, onde vive e para que serve)

Atualizado: 10 de fev. de 2021

Toda vez que vemos um mergulhador técnico ou de caverna carregados de equipamentos achamos um exagero até que tomamos coragem de perguntar por que de tanta coisa e ele nos explica que se trata na maior parte de redundância.

Ao ver nossa cara de cara de quem não entendeu de que língua se trata, o mergulhador carregado do que parece ser um monte de tralha nos diz que levamos equipamentos a mais para o caso de uma falha que possa colocar em risco nossa segurança, assim ao usarmos esses equipamentos extras podemos finalizar nosso mergulho de forma segura. Em geral já emenda mostrando dois reguladores primeiro estágio montados em dois cilindros, varias lanternas, dois computadores, duas máscaras, duas facas (mesmo que elas não se pareçam com uma faca) e a lista segue.

Logo começamos a deixar a imaginação correr solta e quando menos se espera o mergulhador que gosta de equipamentos começa a imaginar uma miríade de situações que podem dar errado e possíveis soluções, cada solução em geral envolvendo uma ou mais peça de equipamento.

Agora, quais as situações são realmente factíveis de ocorrer e merecem um tratamento específico, e quais não passam de mera elucubração? E para essas situações reais, quais as melhores soluções dada pela técnica e treinamento?

Essas perguntas são muito importantes pois sem respostas adequadas a elas não raro o mergulhador neófito começa a levar um monte de equipamento que ele não sabe usar, ou aplicar em uma situação de emergência por vezes até mesmo não é efetiva por deficiência de configuração, treinamento ou pura e simplesmente aplicação prática. E ele o faz na maior parte das vezes na melhor da intenções, afinal ele quer ser um mergulhador seguro, que esteja em condições de resolver situações por si mesmo e talvez ajudar outros. Existe também aquele mergulhador que leva um equipamento num mergulho simplesmente porque ele um dia comprou esse equipamento e que apesar de poder ser usados em algumas situações não necessariamente o é naquela situação específica.

Saber responder a essas perguntas é diferença entre um equipamento redundante ou simplesmente uma tralha.

Vamos ver um exemplo?

Vamos analisar o caso que já vi acontecer pelo menos em quatro situações distintas nos últimos três anos, duas em cursos, uma na Laje de Santos durante um intervalo de superfície e outra durante uma clínica de configuração de equipamento. Este é talvez o caso mais comum de confusão entre redundância e tralha.

Em todos esses casos os mergulhadores instalaram sensores de pressão nos primeiro estágios de seus reguladores para medir a pressão do cilindro, sensores esses que foram instalados pelos mais variados motivos, para melhorar a leitura da pressão do cilindro ao ler a pressão no computador ao invés do manômetro, para ter o cálculo do consumo feito pelo computador ou porque querem estar antenados com a tendência de equipamentos.

Mas então, o que tem de errado nisso? Independente de você gostar ou não de sensores de pressão, o fato de usar não tem nada de errado nisso, enquanto eles funcionarem de forma confiável, o problema começa quando tentamos aplicar a redundância nesse equipamento. Como se faz isso? Ao colocar um manômetro trabalhando junto ao sensor de pressão. E por que isso é um problema todos perguntam.

Primeiro porque tenta resolver um problema que não existe. O problema é a falta de leitura de pressão numa e eventual falha de sensor. Só que esse problema não existe, como assim, sensores de pressão não falham? Falham, se falham mais ou menos que manômetros não veem ao caso agora, mas a sua falha não coloca em risco o mergulho. Oi, como não coloca em risco, você não DEVE saber a pressão do seu cilindro durante o mergulho? Sim, mas justamente por você saber a pressão e monitora-la constantemente, ao ocorrer uma falha do sensor basta encerrar o mergulho e iniciar retorno/subida e com certeza você terá gás suficiente para retornar à segurança. Se por qualquer motivo você tem dúvida se há gás suficiente para encerrar o mergulho o menor dos seus problemas é de equipamento e sugiro fortemente que você reveja seus procedimentos e treinamento. E além disso, para complicar a situação um pouco mais, você aumenta o risco do mergulho ao adicionar um manômetro, pois ao acrescentar um equipamento você aumenta também os pontos de falha, cabe lembrar que a única coisa que não falha durante um mergulho é aquilo que ficou no barco ou em casa, qualquer outro equipamento que estiver na água, pode e vai falhar, é apenas uma questão de tempo.

Equipamentos só vão para água caso possam ser usados em uma situação real, se estiverem em perfeitas condições de uso, se formos treinados para usar o equipamento e tivermos experiência recente com esse equipamento. Caso contrário esse mesmo equipamento vira na melhor das hipóteses um risco e não uma solução.

Como saber quais situações merecem uma ação, seja equipamento, procedimento ou treinamento? Em geral apenas a análise de casos passados e a experiência pode nos ajudar.

Então a redundância são equipamentos que usamos apenas quando não há uma solução mais simples (quer saber mais, pesquise o conceito KISS) no suporte a vida, ou seja, não podemos finalizar o mergulho de forma segura sem ele, geralmente encontrado nos sistema de fornecimento de gás (cilindros, reguladores, gestão de gás), visão (máscara, lanternas), segurança (facas, bungees, mosquetão rig) informações de descompressão (computadores, planejamento reserva) entre outras cois


 

Sobre o Autor Carlos Momoli

Engenheiro de Formação e Mergulhador desde 1998.

Mergulhador Recreacional, Técnico e de Caverna.

Trabalha com mergulho desde 2009.


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